Paula Franco – Bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados
Costuma dizer-se que é nos momentos de maior aperto que as pessoas esquecem pontos de vista divergentes e dão as mãos em prol do mesmo objetivo. Foi precisamente isso que aconteceu este ano com a profissão dos contabilistas certificados. Inteligentemente, chegaram à conclusão que é mais o que os une do que aquilo que os separa.
Pouco depois de o país ter entrado em confinamento, os profissionais arregaçaram as mangas e juntos deram uma demonstração de competência, dedicação e estoicismo na ajuda a milhares de empresários, completamente desesperados para decifrar os complexos e burocráticos apoios lançados pelo executivo. Foi (e ainda é) um esforço extenuante e heroico, em simultâneo, que só os profissionais e os seus familiares sabem dar valor.
A Ordem, como não podia deixar de ser, esteve desde a primeira hora ao lado dos seus membros, prestando apoio a todos os seus pedidos de esclarecimento a qualquer hora do dia ou da noite, nos dias úteis, nos fins de semana ou nos feriados. Desde março que também estamos em estado de emergência, mas para apoiar os contabilistas certificados a salvarem negócios que, não fora o seu esforço, muitos a esta hora já tinham encerrado.
No ano que é provavelmente o mais difícil das nossas vidas, em que todos sofreram e sofrem, os contabilistas têm sabido prestigiar e defender a profissão, contribuindo para amortecer a queda das empresas e, consequentemente, da economia. Os últimos meses contribuíram para dar um empurrão enorme na profissão e na visibilidade que a sociedade tem de nós. É por isso que digo, com redobrado gosto, que tenho um imenso orgulho em ser contabilista certificada e o meu orgulho ainda é maior por ser a bastonária que tem a honra de representar esta classe de profissionais.
Costumo citar, frequentemente, uma frase de Steve Jobs, um visionário dos tempos modernos e que foi o cérebro da Apple: «vamos inventar o amanhã em vez de nos preocuparmos com o que aconteceu ontem». A Ordem seguiu o que disse Jobs: reinventou-se, acompanhando a própria transformação da profissão. Em 2020 os profissionais alcançaram um patamar de reconhecimento que ninguém vai conseguir destronar. E o próximo ano será o de consolidação de tudo o que resultou do trabalho em conjunto da Ordem e dos seus profissionais.
Desta pandemia vamos recolher muitas lições, mas provavelmente a mais simbólica é esta: as crises – e esta é uma das maiores dos últimos 100 anos – também servem para crescermos, aprendermos e aproveitarmos as oportunidades. E já agora, junto-lhe outra ilação: a recuperação e a retoma económica dependem, em grande medida, do trabalho que estes profissionais desempenham junto do tecido empresarial. É esta tremenda responsabilidade social e profissional que pesa sobre os ombros dos cerca de 68 mil homens e mulheres, mas que, ao mesmo tempo, os deve encher de orgulho. É a demonstração de que o seu trabalho é de interesse público e contribui para o bem-estar de todos e para a prosperidade da vida em comunidade.