A Intrum publicou recentemente o EPR European Payment Report 2020, após a edição especial do Whitepaper divulgada no Verão, sobre a perturbação financeira negativa causada pela pandemia COVID-19. Os resultados mostram economias europeias enfraquecidas e negócios paralisados em muitos sectores de atividade.
O estudo European Payment Report, foca-se na análise dos riscos de pagamento a nível nacional e internacional e baseia-se numa pesquisa realizada simultaneamente em 29 países europeus, num total de 9.980 empresas europeias inquiridas em mais de 11 setores de atividade.
A economia portuguesa foi duramente atingida pela pandemia COVID-19 e de acordo com o relatório EPR 2020, 83% dos gestores portugueses prevê que uma recessão pan-europeia seja um dos maiores desafios a enfrentar nos próximos doze meses, relativamente aos pagamentos integrais e nos prazos. Nesta análise, Portugal apenas é ultrapassado por Espanha, que lidera a tabela de 29 países com 93%. No extremo oposto do ranking, a Croácia com 33%. A média europeia, situa-se nos 57%.
As empresas estão a tomar as medidas necessárias para se prepararem para uma recessão histórica resultante da crise pandémica. Mais de dois terços (68%) das empresas portuguesas inquiridas estão a planear reduzir custos, a percentagem mais alta dos 29 países europeus analisados. Cerca de quatro em cada 10 empresas inquiridas (37%), assumem que irão ser mais conservadoras quando se trata de assumir novas responsabilidades creditícias, valor ligeiramente acima da média europeia (35%).
De acordo com o European Payment Report 2020, as empresas encontram-se sob pressão ao reduzir a sua liquidez, sendo necessário procurar alternativas para libertar recursos financeiros. A crise COVID-19 está a aumentar a pressão sobre as empresas e com a desaceleração do crescimento económico, assiste-se a uma redução da procura e à interrupção das cadeias de fornecimento.
Os devedores em dificuldades financeiras são uma grande preocupação para as empresas portuguesas. De acordo com o estudo, para metade dos inquiridos (50%), os pagamentos nos prazos estão entre os três principais desafios que as empresas enfrentam nos próximos 12 meses. Valor substancialmente superior em comparação com os 38% na restante Europa.
O European Payment Report 2020 revela que o segmento B2C (consumidores) é o que tem o maior “gap de pagamento”: diferença entre a data contratada e a data efetiva de pagamento, atingindo os 14 dias de atraso médio (82%), valor muito superior à média europeia que se situa nos 30%. As empresas (B2B) e o sector público têm um atraso médio de 40% e 46%, respetivamente, valores superiores à média europeia, 30% (B2B) e 28% sector público.
Apesar das consequências nefastas dos atrasos de pagamento serem transversais a todas as empresas, o seu impacto nas PME é mais preocupante face à fragilidade da sua tesouraria, agora agravada com as medidas impostas pelo governo para combate à crise pandémica.
Os atrasos de pagamento têm um alto impacto na liquidez das empresas e são uma ameaça à sua sobrevivência.
O estudo da Intrum, revela que as empresas na Europa têm um longo caminho a percorrer para melhorar as suas práticas de pagamentos. Construir uma cultura de pagamento sustentável, exige uma mudança de comportamento, e o estudo mostra que essa mudança já está a acontecer, com as empresas a procurarem iniciativas para combater os atrasos de pagamento, quer em Portugal quer na Europa. Em Portugal, as medidas apontadas com maior destaque são: o Pré-Pagamento com 52% versus 31% média europeia, sistemas de controlo de crédito, 50% (35% UE) e a profissionalização das cobranças 38% (35% UE).
A legislação também tem sido um suporte importante no apoio à mudança de comportamento.
De acordo com o estudo, em Portugal cerca de metade das grandes empresas (49%), já aplicam a legislação disponível para o combate aos atrasos de pagamento, iniciativa da Comissão Europeia. Este valor reduz substancialmente quando falamos de pequenas e médias empresas, passando para 37%. As empresas portuguesas consideram que a introdução de nova legislação pode resolver problemas causados por condições de pagamento alargadas (57%) e os atrasos de pagamento (55%). A mediação/arbitragem surge em 2º lugar e por último as iniciativas voluntárias das empresas onde Portugal se distancia divergindo da média europeia: 37% contra 51% (EU).
Por último, um outro dado que o estudo revela é a possibilidade considerada pelas empresas portuguesas de aumentarem o investimento, caso recebessem mais rapidamente dos seus clientes. Investimento em diversas áreas com destaque para a inovação, expansão da oferta de produtos/serviços e a contratação de novos colaboradores.
Para Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal, “o nosso inquérito revela que o crescente diferencial entre o prazo acordado e o efectivo pagamento” é uma preocupação cada vez maior para as empresas portuguesas, isto porque, atrasos de pagamentos conduzem a problemas financeiros sérios, com consequências devastadoras e muitas vezes evitáveis. Se isso não for travado, as empresas poderão levar muito mais tempo a recuperarem-se financeiramente. Um apoio especializado, como o da Intrum, é importante para auxiliar as empresas na sua gestão de pagamentos – área critica para qualquer setor de atividade”.